Antropologia filosófica: ponte estendida entre as ciências positivas e a metafísica
A. Camus
“Não será verdade que cada ciência, no fim, se reduz a um certo tipo de mitologia?”
De uma carta de Freud a Einstein, 1932
“As categorias mais fundamentais do pensamento e, conseqüentemente, da ciência, têm sua origem na religião”.
INTRODUÇÃO
“Navegar é preciso, viver não é preciso”. Muito poucos entendem essa frase, que quer dizer: navegar é preciso, ou seja, exato. Já sabiam disso os portugueses, exímios navegadores, fundadores da famosa Escola de Sagres. Entretanto, viver não é preciso, não é exato.
A antropologia, como ciência que estuda o homem não pode jamais se abster de focar o estudo do ser, através das lentes das ciências ditas exatas – física, química, matemáticas -, mas também não pode perder o foco nas ciências naturais, como a biologia, por exemplo. Tampouco pode se esquecer das ciências humanas – filosofia, sociologia, direito, letras -.
E o que dizer da psicologia, no limiar entre as ciências humanas e biológicas?
Assim, o maior pensador da Antropologia Filosófica, Max Scheller, definiu-a sabiamente como “ponte estendida entre as ciências positivas e a metafísica”.
Neste trabalho, pretende-se mostrar, em parte – não em sua totalidade, pois o assunto não se esgota em poucas páginas – que Scheller tinha razão.
Entre alguns conceitos, definições, explicações, aborda-se o que é metafísica, o que são as chamadas ciências positivas e de que prescindem, destaca-se algumas personalidades significativas, pensadores ligados a essas áreas, como o próprio Max Scheller, além de Augusto Comte, o “pai do positivismo” e Immanuel Kant, que faz interessante ponte entre justamente ciências positivas, metafísica e teologia, com seu agudo criticismo.
Há, ainda, um anexo, matéria abordando o diálogo religioso do judaísmo com as idéias platônicas e aristotélicas na construção da tradição mística,