Antonil e a escravidão sem mistérios
ANTONIL E A ESCRAVIDÃO SEM MISTÉRIOS
Ricardo Luiz de Souza*
RESUMO O texto faz uma análise da obra de Antonil, buscando mostrar seus sentidos e diretrizes e discutindo a forma como o autor discute a questão do escravismo e da relação entre senhor e escravo a partir do sistema de produção colonial. Busca, ainda, demonstrar como o autor define o escravismo como um componente natural deste sistema de produção: uma escravidão sem mistérios. PALAVRAS-CHAVE: escravidão, açúcar, trabalho. ABSTRACT This text is intended as an analysis of Antonil’s work in which an attempt to show its meanings and directions is made. To do so, it considers how this author discusses slavery and the relationship between slaver and slave in the colonial production system. It also takes into account this author’s definition of slavery as a natural component of this system: slavery without mysteries. KEYWORDS: slavery, sugar, work.
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Mestre em sociologia e doutorando em História pela UFMG.
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História & Perspectivas, Uberlândia, (29 e30) : 239-253, Jul./Dez. 2003/Jan./Jun. 2004
Em sua correspondência, Capistrano de Abreu descreve como – em companhia de seu amigo Vale Cabral – descobriu que o autor de Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas – livro publicado no início do século XVIII por um autor que escrevera André João Antonil na primeira página da obra e assinara a mesma como Anônimo Toscano – era um jesuíta italiano chamado João Antônio Andreoni de quem ele já tivera referências:
Resultado: o autor era jesuíta, como se prova pela referência ao engenho de Sergipe do Conde, que pertencia à Ordem; pelo fim a que se consagrava, a canonização de Anchieta; pela discussão sobre quintos de minas, que denunciam teólogo consumado... Vimos logo que, de João Antônio Andreoni, era anagrama ou coisa que o valha;mas uma coisa nos causava espécie: que significa o L final? Foi ainda