Antigo testamento ii - livros historicos
A LITERATURA HISTÓRICA DO VELHO TESTAMENTO
Quando se fala da literatura histórica do Velho Testamento, supomos tratar-se dos livros que vão do Gênesis ao livro de Ester. Mas isso não quer dizer, que não haja textos de natureza histórica nos restantes livros bíblicos. Citem-se, por exemplo, o prólogo e o epílogo do livro de Jó, os fragmentos históricos dalguns livros proféticos como os capítulos 36-39 de Isaías, vários capítulos do livro de Jeremias e a primeira metade do livro de Daniel. Limitar-nos-emos, porém, a estudar os livros de Josué a Ester, vulgarmente considerados, dum modo especial como livros históricos. QUALIDADES ESTILÍSTICAS Antes de mais, é de admirar o colorido das descrições, de que é exemplo frisante o ataque noturno de surpresa efetuado por Gideão e os seus trezentos homens contra os midianitas (Jz 7). Repare-se na preparação dos três esquadrões. Cada soldado empunha uma buzina, um cântaro vazio e uma tocha. Prepara-se o assalto. De repente a cidade é acordada pelo som estridente das buzinas e pelo ruído dos cântaros partidos, que mais se salientam ao clarão das tochas e ao grito uníssono dos soldados: "Eis a espada do Senhor e de Gideão". Segue-se uma breve, mas expressiva descrição da confusão e do terror verificados no seio das hostes midianitas. Outros exemplos: o duelo Davi-Golias (1Sm 17); o tribunal de Salomão (1Rs 3); a prova do Monte Carmelo (1Rs 18); e a situação de Hamã (Et 7). O uso freqüente do discurso direto vem dar realce e certa vida a algumas das descrições. O motivo da ação é reproduzido muitas vezes sob a forma duma deliberação pessoal, como em 1Sm 17.1. Em certos casos há um diálogo, por vezes, circunstanciado a dar mais colorido e mais vivacidade à narração. Registrem-se os diálogos entre Davi e Saul (1Sm 24) e do mesmo Davi e a mulher de Tecoa (2Sm 14). A este propósito cite-se ainda o uso freqüente de expressões como "eis que", "eis aí", "vede" (cfr. Js 8.20, Jz 3.24, 2Rs 7.6). É assim que o