Antigas civilizações
Povoado há milhões de anos, nos últimos milênios o continente africano viu florescer sociedades organizadas, complexas, originais, pequenos e grandes estados, conglomerados culturais, civilizações. Há muito tempo está superada a idéia hegeliana de um continente indiferente aos ritmos da história e a perspectiva colonialista de uma África “selvagem”, aberta ao desbravamento e dependente de um processo civilizatório vindo de fora.
Desde os antigos núbios do reino de Kush e da civilização meroítica do Egito, dos povos de Axum e da Etiópia, aos povos Shawili do Sudão Oriental, aos bérberes do Norte da
África que produziram as culturas do Marrocos e do Magreb, aos sudaneses e bantos da faixa tropical da savana e da floresta, os africanos desenvolveram formas e técnicas de cultivo, e produção de artefatos de cerâmica e de metal (em cobre, bronze, ferro e ouro).
Essas sociedades domesticaram animais, criaram artefatos cultuais, instituições políticas e sociais, erigiram monumentos e se organizaram em sociedades e Estados de grande complexidade e originalidade.
Desde pelo menos a metade do século XX, quando Roland Oliver e depois John Fage iniciaram estudos sistemáticos sobre os processos históricos das sociedades africanas, o africanismo nasceu como campo de estudo, e a partir dos anos 1970 os pesquisadores africanos assumiram diretamente a tarefa de investigar, debater e questionar os problemas específicos de suas sociedades e nações.
Mas mesmo entre os africanólogos, o período menos estudado corresponde justamente ao mais extenso do ponto de vista cronológico, quer dizer, aquele anterior ao colonialismo europeu. Designado por alguns escritores de “África pré-colonial”, ou de “África tradicional”, ele diz respeito a um tempo que engloba pelo menos 5.000 anos de experiência histórica marcada pelo dinamismo, diversidade e pluralidade tanto no tocante aos povos e civilizações, quanto nas paisagens e nas