Anti materia
í
s
i
c
a
Uma diminuta quantidade de antimatéria é roubada do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN). Objetivo: usá-la para destruir o Vaticano. Esse é o mote de Anjos e Demônios, do escritor norte-americano Dan Brown, também autor do sucesso Código Da Vinci. O livro – transformado recentemente em filme – é apenas uma das repercussões artísticas de uma grande descoberta da física: a existência da antimatéria, tema ainda hoje intensamente debatido na comunidade científica. Cerca de oito décadas depois da detecção da primeira antipartícula, os físicos ainda se perguntam: por que o universo observado atualmente tem somente matéria? Por que a antimatéria desapareceu? ignacio Bediaga Coordenação de Física experimental de Altas Energias (Lafex) Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (RJ)
46 • CiênCia Hoje • vol . 45 • nº 26 8
f
í
s
i
c
a
A ANTIMATÉRIA e o UNIVERSO
No início do universo, matéria e antimatéria foram criadas na mesma proporção. Basicamen te, para cada partícula havia sua antipartícula correspondente, ou seja, para cada elétron foi criado um pósitron; para cada quark, um antiquark e assim por diante. Esse cenário dominou o universo logo depois da ‘explosão’ primordial, comumente denominada Big Bang. Quando uma partícula encontra sua antipartícula correspondente (um elétron interage com um pósitron, por exemplo), as duas se aniquilam, transformandose em energia. Esta, por sua vez, se transforma, de novo, em um par de matéria e antimatéria. Essa ideia, baseada nas atuais teo rias das partículas elementares (reunidas no chamado modelo padrão), nos permite criar uma imagem dinâmica daquele cenário inicial: um imenso movimento frenético de criação e aniquilação, envolvendo bilhões de bilhões de pares de partícula e antipartícula. Tudo isso a temperatu ras altíssimas, expressa por números com cerca de 30 zeros. Depois de passar por um período de expansão muito rápida, o uni verso esfriou com mais