Anorexia na Infância

Mayra Rocha Vasconcellos Ribeiro
Psicóloga formada pela Universidade Federal Fluminense
Anorexia na infância Introdução Ao longo da história da humanidade, a valorização do corpo e a preocupação com a aparência e com os padrões de beleza tornaram-se aspectos frequentes na população. Há uma supervalorização da magreza, enquanto que a obesidade se tornou uma condição altamente estigmatizada e rejeitada. 1 É justamente nesta esfera que se instalam os transtornos alimentares (TAs) como a anorexia, a bulimia e suas variantes, que ocasionam grandes prejuízos biopsicossociais com elevada morbidade e mortalidade. A anorexia se caracteriza pela recusa do indivíduo em alimentar-se, tal recusa ocorre devido a um medo exagerado por engordar, gerando deliberada perda de peso pelo paciente. Há uma preocupação excessiva com a alimentação, o que provoca sofrimento subjetivo intenso, uma perda de identidade e dificuldade na constituição do seu “EU”. Muitos pacientes desenvolvem estratégias e mecanismos para perder peso, que incluem restrição alimentar, uso de laxantes e/ou diuréticos, indução de vômito, além da prática excessiva de exercícios físicos. 3 Tal transtorno alimentar ocorre mais comumente em pacientes adolescentes e jovens entre 12 e 20 anos e do sexo feminino, porém nos últimos anos, pode-se observar crescentes casos da doença em crianças. A adolescência (12-16 anos) é a fase em que ocorrem mudanças marcantes na fisiologia e bioquímica do corpo da mulher, como o aparecimento de seios e aumento das medidas dos quadris. Tais transformações resultam em um acúmulo pronunciado de gordura, o que gera grande preocupação por parte das adolescentes no que se refere ao aumento de peso e à forma física. O ato de restringir os alimentos tem início geralmente nesta fase, em resposta a uma má aceitação destas mudanças corporais, que é associada a fatores psicológicos e ao forte apelo sociocultural do culto à magreza. 1 Anorexia na