Aniba Roseadora
TECNOLOGIA
ENGENHARIA QUÍMICA
64 ■ MAIO DE 2005 ■ PESQUISA FAPESP 111
Folhas de árvore da Amazônia garantem a continuidade da produção do perfume Chanel
DlNORAH ERENO
A lendária frase dita pela atriz
Marilyn Monroe de que dormia vestida apenas com algumas gotas de
Chanel n° 5 guarda, quem diria, um toque bem brasileiro. O principal ingrediente do famoso perfume francês lançado pela empresa de mademoiselle Coco Chanel em 1921 é o óleo essencial extraído da madeira do pau-rosa, uma árvore nativa da Amazônia. Estimativas indicam que cerca de
500 mil árvores dessa espécie já foram abatidas desde o início da exploração do pau-rosa, o que levou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a incluí-lo na lista das espécies em perigo de extinção em abril de
1992. Para preservar a preciosa madeira, e garantir o fornecimento da matéria-prima para a indústria perfumista, o professor Lauro Barata, do Laboratório de Química de Produtos Naturais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), começou a desenvolver em 1998 um projeto de extração do óleo essencial das folhas que resultou em rendimento e qualidade semelhantes aos obtidos da madeira. "Aprendi que o óleo poderia ser tirado das folhas em trabalhos publicados pelo professor Otto
Gottlieb", diz Barata. Ele se refere a um estudo publicado no final da década de 1960 pelo químico que nasceu na República Checa e se naturalizou brasileiro, professor aposentado da Universidade de
São Paulo (USP) e lembrado até pela comunidade científica brasileira para concorrer ao Prêmio Nobel. "Aprendi também com a experiência de Raul
Alencar, um ribeirinho de 80 anos que sempre viveu dos produtos da floresta e é produtor tradicional de óleo de pau-rosa", diz Barata. Essas duas referências serviram de base para o seu projeto, financiado pelo Banco da Amazônia (Basa), no valor de R$ 25 mil.
O interesse do professor da Unicamp em estudar a árvore amazônica