Angola
Cesaltina Abreu tinaabreu@hotmail.com Carlos Serrano cserrano@usp.br Sobre Tolerância e Confiança em Angola
Este ensaio remete, entre outros referidos na bibliografia, aos trabalhos de Michael Walzer (1997) “On Tolerance” e de Barbara Misztal (1996) “Trust in Modern Societies: The Search for the Bases of Social Order”, e traduz um primeiro enquadramento sobre a importância de valores como tolerância e confiança para a compreensão das relações sociais e de poder na sociedade angolana actual.
Angola, tolerância, confiança.
Universidade Católica de Angola.
Universidade de São Paulo.
7.º CONGRESSO IBÉRICO DE ESTUDOS AFRICANOS | 7.º CONGRESO DE ESTUDIOS AFRICANOS | 7TH CONGRESS OF AFRICAN STUDIES LISBOA 2010
Cesaltina Abreu & Carlos Serrano ... É indispensável, portanto, ter sempre presente que um bom africano é, pelo menos, aquele cuja mão nenhum outro africano honrado pode temer1.
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1. Constitucionalmente, Angola é um estado-nação; do ponto de vista social, pode ser entendida como um ambiente multicultural em duas perspectivas, nacional e étnica. Trata-se, por um lado, de um “estado multinacional cuja sociedade foi formada a partir da incorporação, forçada ou voluntária, de minorias nacionais que anteriormente possuíam culturas territorialmente concentradas e desfrutavam de autonomia”, e de uma “diversidade cultural fruto da imigração individual ou familiar”2. A incorporação forçada foi realizada durante a dominação colonial portuguesa, pela criação de uma colónia a partir de diversos reinos existentes na região e que progressivamente foram anexados, por conquista, dando origem ao que hoje constitui o estado de Angola. Os movimentos migratórios reportam a épocas distintas da vida do país: o fluxo de colonização que originou um processo de mestiçagem racial e cultural, a imigração de indivíduos, famílias e grupos de países vizinhos logo após a independência nacional, e a