Analise Experimental
O ambiente lingüístico ao qual a criança é exposta vem assumindo importância teórica crescente face ao confronto de suposições referentes tanto a mecanismos inatamente programados (Chomsky, 1968;McNeill,1970) quanto à função da imitação (Whitehurst e Vasta, 1975), para o desenvolvimento da linguagem. O desafio daí decorrente tem estimulado um número progressivo de pesquisas investidas na tarefa de descrever e analisar o dado lingüístico básico fornecido à criança no ambiente natural.
Resultados de estudos naturalísticos e experimentais coincidem na descrição da fala do adulto como qualitativamente diferente quando dirigida à criança: simples, redundante e constituída de unidades curtas (Fraser e Roberts, 1975; Moerk, 1974; 1976; Snow, 1972; Whitehurst, Novak e Zorn, 1972). Ampliando esse quadro, análises pormenorizadas do intercâmbio verbal mãe-criança (Moerk, 1976; Prorok, 1978a; Prorok, Casari, Soares e dos Santos, 1979) evidenciam mudanças gradativas nos padrões de intercâmbio, consoantes ao desenvolvimento do repertório verbal da criança, indicando adaptação da fala do adulto a ele. A partir daí, não seria difícil supor, ao contrário do argumento dos psicolingüistas (Brown e Bellugi, 1964; Ervin, 1964; McNeill, 1970), que a criança esteja sendo exposta a um corpo lingüístico básico, ideal para a aprendizagem da linguagem. Ainda que a verificação de uma suposição dessa natureza seja, no momento, prematura, sua relevância para a compreensão da aquisição da linguagem é inquestionável. A ela subjazem possíveis mecanismos de ajustamento na, e para a, ocorrência do diálogo adulto-criança, com a necessária e conseqüente admissão de que criança e adulto estão mútua e dinamicamente (i. é., na alternância de papéis locutor-ouvinte) influenciando um ao outro. Neste contexto, a regulação de categorias de intercâmbio verbal, promovida pela adaptação do