Analise Do Texto Emma Zunz

Análise do conto de Emma Zunz

BORGES, Jorge Luis. Emma Zunz. In:____. El Aleph – Obras Completas. Barcelona: Emecé, 1996. Tradução Davi Arrigucci Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

Enigma: assim pode ser classificado o conto de Emma Zunz. O leitor acompanha os passos e pensamentos de uma jovem a procura de vingança, através de dicas, tentando descobrir como será feito. É importante dizer que a historia abrange múltiplas leituras, devido a ambiguidades que tornam imprescindível a participação do leitor. Assim, parece que a dúvida se contrasta juntamente aos elementos do texto: segurança/insegurança, certeza/dúvida, ser/parecer, agravado pela onisciência duvidosa do narrador e as oscilações do tempo.
A narrativa do conto é feita por uma terceira pessoa distante, aparentemente capaz de descrever as ações e sensações da Emma. Porém, em diversos trechos, seu conteúdo manifesto se mostra sob suspeita, com dúvidas a respeito dos acontecimentos desde o início do conto, na carta pela qual a personagem fica sabendo da morte de seu pai, que possui “(...) nove ou dez linhas rabiscadas (...)” (p.53) - esta mesma vacilação ocorre em “(...) entrou em dois ou três bares (...)” (p.56) -, e a letra é assinada por “um tal de Fein ou Fain” (p. 53). Além disso, O narrador informa o juramento do pai de que o ladrão era Loewenthal, mas hesita ao falar sobre o porquê de Emma guardar segredo, reforçado pela expressão “talvez”: “Talvez evitasse a incredulidade de terceiros; talvez acreditasse que o segredo era um vínculo entre ela e o ausente (...)” (p. 54). Outro fragmento mostra a incapacidade do narrador, feita por ele próprio; “Relatar com alguma fidelidade os fatos daquela tarde seria difícil e talvez improcedente.” (p. 55). A forma contraditória aparece outra vez quando há uma hipótese pessoal sobre o pensamento de Emma: “(...) terá pensado Emma Zunz uma única vez no morto que motivara aquele sacrifício? Tenho pra mim que pensou uma vez e que naquele momento seu