Analise de poemas - florbela espanca e antonio nobre
Análise de poemas de Florbela Espanca e Antônio Nobre É possível perceber vários aspectos que concorrem em uma mesma direção quando se analisa obras poéticas de Florbela Espanca e António Nobre. A partir da influência de Antonio Nobre observada pela biografia da poetisa, nota-se, sobretudo nas poesias estudadas uma forte ligação entre ambas, principalmente no modo confessional em que se fazem os versos, intimamente ligados à temática da dor e da mágoa, ora comumente encontradas em outras obras dos dois autores. Outrossim, também o pessimismo e a espera da morte, bem como a ideia da predestinação recorrente em Florbela, aproximam as suas obras em paralelo com a temática da saudade, típico de Nobre. Os aspectos que negam ou retraem a vitalidade, a saúde, o viver são típicos do Decadentismo, permitindo, desta forma, um acesso fácil ao sonho, ao amor artificial, ao misticismo. Impossível – Florbela Espanca Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste: "Parece Sexta-Feira de Paixão. Sempre a cismar, cismar, de olhos no chão, Sempre a pensar na dor que não existe... O que é que tem?! Tão nova e sempre triste! Faça por estar contente! Pois então?!..." Quando se sofre, o que se diz é vão... Meu coração, tudo, calado ouviste... Os meus males ninguém mos adivinha... A minha Dor não fala, anda sozinha... Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera!... Os males d‟Anto toda a gente os sabe! Os meus ...ninguém... A minha Dor não cabe Em cem milhões de versos que eu fizera!... Fala ao Coração – Antonio Nobre Meu Coração, não batas, pára! Meu Coração, vai-te deitar! A nossa dor, bem sei, é amara, A nossa dor, bem sei, é amara: Meu Coração, vamos sonhar... Ao Mundo vim, mas enganado. Sinto-me farto de viver: Vi o que ele era, estou maçado, Vi o que ele