Analise comentada
AUGÉ, Marc (2006), Para que vivemos?, Lisboa, 90 Graus Editores, (pp.11 – 16)
Marc Augé, etnólogo e antropólogo francês, apresenta-nos, na sua obra Para que vivemos?, a ideia de “cosmo-tecnologia”, constituída por um conjunto de representações do mundo/universo, partilhados por todos os membros da mesma sociedade onde cada um está inserido, conhecidas pelo nome cosmologias.
Estas representações do universo – as cosmologias – constituem, então, a base daquilo que são os padrões de cada sociedade e do que é de facto aceite ou não pela mesma, ou seja, ditam aquilo que é certo e aquilo que é errado, permitindo assim que os seus membros constituintes tenham uma visão sobre a mesma e saibam como agir.
As cosmologias estão implícitas na sociedade, não só de maneira material no espaço, mas, também, sob a forma de mitos, que explicam aquilo que é desconhecido para a sociedade, e que são, por sua vez, aplicados através de rituais, realizados pelos membros constituintes da mesma, que desenvolvem um modelo de referência.
Neste sentido, as cosmologias assumem um papel de tranquilizantes, perante aquilo que é desconhecido. Ou seja, tentam explicar aquilo que o ser humano desconhece, não visando a compreensão destas, mas sindo dando uma sensação de falso controlo sobre as mesmas. Ou seja, as cosmologias assumem o papel do senso comum, reflectindo a realidade da sua própria sociedade. É, muitas vezes, deturpador daquilo que é a realidade em si, mas nunca inadequado, constituindo muitas vezes a base de partida do conhecimento científico.
A ciência, por sua vez, assume o papel contrário ao das cosmologias, pois não tentam aniquilar o acontecimento, tentam explicar aquilo que de facto acontece, visando a compreensão dos fenómenos que nos rodeiam e põe em causa aquilo que é defendido pelo senso comum.
Augé afirma que, “Quanto mais forte for a adesão a esses modelos, menos liberdade e mais sentido há (…)”, (pp.12). Assim, o mesmo serve-se de uma