analese de riscos
Durante muito tempo foi vendida a idéia de que o problema dos acidentes e doenças rela- cionadas ao trabalho era um tema só para certos especialistas: engenheiros de segu- rança, médicos do trabalho, a gerência das empresas e outros técnicos especializados seriam os únicos “detentores” do conhecimento para analisarem os riscos nos locais de traba- lho e proporem soluções. Nessa visão, os tra- balhadores seriam meros e passivos coadju- vantes, ora fornecendo informações aos espe- cialistas, ora indo aos exames e respondendo perguntas aos médicos, ou mesmo sendo acu- sados como responsáveis pelos acidentes, através do conceito de ato inseguro, que é per- verso e cientificamente errado.
Essa visão também privilegiava a compensa- ção financeira ou monetização dos riscos, atra- vés da concessão dos adicionais de insalubri- dade e periculosidade, e possuía uma atuação preventiva extremamente limitada. Essa visão atrasada de segurança e saúde ocupacional acabava trabalhando somente no final da linha, ou seja, após a ocorrência de eventos como aci- dentes e doenças, e no controle dos próprios tra- balhadores. Para os técnicos dessa visão, a pre- venção se restringia às normas de segurança e aos equipamentos de proteção individual, nem sempre com fornecimento e treinamento ade- quados. Deixava-se de lado as causas mais pro- fundas que geram os acidentes e doenças nos locais de trabalho, como os projetos de tecnolo- gias, a organização do trabalho e as característi- cas da própria sociedade, como a legislação e a atuação dos trabalhadores e as instituições.
Obviamente, esta visão não é verdadeira e nem interessa aos trabalhadores, embora ainda hoje esteja presente em muitas empresas e ins- tituições no Brasil, que tentam inculcar esta ideologia nos próprios trabalhadores. A a n á l i s e dos riscos nos locais de trabalho deve necessa- riamente incorporar a vivência, o conhecimento e a participação dos trabalhadores, já