Ana Mendieta
Em 1972, Mendieta começa a fazer performances e earth-body works. Sua série Silueta, feita no México e em Iowa de 1973 a 1980, é seu trabalho mais comentado. São mais de cem obras em que Mendieta faz a silhueta de seu corpo aparecer em meio à natureza: no chão gramado, de terra batida ou molhada, na areia, num solo rochoso, entre uma vegetação rasteira ou na água. A artista também utilizava o fogo, demarcando os limites de seu corpo com pólvora e acendendo. Muitos de seus filmes mostram as silhuetas sendo queimadas e as cinzas que depois sobram.
Ana Mendieta, sacudida pelos fatos dramáticos legados pela revolução cubana, leva até suas extremas consequências as conquistas artísticas dos maduros anos sessenta. Para todas elas, a arte é a expressão total, libertadora e necessária, e os grandes campos de experimentação são seus próprios corpos. Uma corporeidade sentida de uma maneira global, omnicompreensiva através da qual se percebe, se amadurece, se ama: o corpo é ao mesmo tempo a base para a compreensão da realidade e para a busca artística.
Ana Mendieta não contempla a dimensão de uma participação física que procura o conhecimento e o contato com o outro, uma atitude que lhe é inteiramente alheia: seu interesse é o lugar, ou, melhor do que o lugar, a sua terra, que lhe foi negada quando era pouco mais do que uma menina. Seu corpo fala através da emoção inebriante do reconhecimento e seu trabalho está voltado para a afirmação da sua própria identidade de mulher e de artista cubana. Sua vontade é límpida e forte e não há nada de mais expressivo nesse sentido do que suas próprias