Ana Lise Do Poema Vem Sentar Te
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio
Pode-se perceber que na 1ª e 2ª estrofes, há um desejo epicurista de fruir o momento presente. Nota-se, também, a aceitação das leis do destino.
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio
1ª estrofe:
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Com relação a essa primeira estrofe, pode-se dizer que o sujeito poético está em busca de uma felicidade, e ela é relativa, uma vez que só é encontrada na natureza e nas coisas simples – remetendo-nos, portanto, ao epicurismo.
As expressões “beira do rio” e “sossegadamente fitemos o seu curso” remetem-nos ao aurea mediocritas e ao carpe diem horacianos, respectivamente, uma vez que refere-se à vontade de querer aproveitar o momento, e isso só é possível se feito diante da natureza, ao observar o rio correr.
Por meio da expressão “que a vida passa”, o sujeito poético propõe à pastora Lídia sentar-se com ele para observar o decorrer da vida, colocando o curso do rio como metáfora do passar da vida.
Com relação ao último verso dessa primeira estrofe, o eu lírico propõe à pastora que eles se amem.
2ª estrofe:
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Nessa segunda estrofe, percebe-se nitidamente a importância que o pensamento tem para o sujeito poético já no primeiro verso. É possível perceber, também, um certo fatalismo, em que ele diz que “[a vida] Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa”, ficando implícito que o fluxo da vida é sem volta, e assim como o rio segue seu fluxo a caminho do mar, a vida caminha rumo à morte.
A palavra “Fado”, no fim do terceiro verso, remete-nos ao destino, do qual nem os deuses escapam. Além disso, há referência aos deuses, o que nos remete ao