An Lise YUDICE
1675 palavras
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A conveniência da cultura331
YÚDICE, George. A conveniência da cultura : usos da cultura na era global. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2006. 615 p.
José Rogério Lopes
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Brasil
A imagem que possuía dos estudos culturais americanos, reproduzidos na recursividade erudita, foi quebrada com essa obra de Yúdice. O autor reuniu nesse livro um conjunto de escritos convergindo para um projeto amplo de investigações em torno das mutações ocorridas na esfera cultural global, sem descuidar das análises situacionais que dão concretude às suas afirmações.
E aqui, talvez, sua própria condição de dominicano radicado nos EUA tenha contribuído para não confundir a escala de percepção dos problemas com a escala de sua resolução.
A definição básica de seu livro é de que a cultura é hoje um recurso que gera e atrai investimentos, cuja distribuição e utilização, seja para o desenvolvimento econômico e turístico, seja para as indústrias culturais ou novas indústrias dependentes da propriedade intelectual, mostra-se como fonte inesgotável. Nesse sentido, a cultura pressupõe seu gerenciamento, perspectiva distinta das características da alta cultura e da cultura cotidiana no sentido antropológico. Essa perspectiva, contudo, não implica que sua análise inviabilize “aplicações” antropológicas, senão que imprime uma necessária revisão da importância da análise situacional nos estudos antropológicos que se debruçam sobre práticas e representações culturais contemporâneas.
Visando elaborar uma compreensão dessa contribuição, vou expor os princípios de sua elaboração e deixarei à margem suas ilustrações, pelas limitações de uma resenha.
A concepção de “cultura como recurso” é tomada pelo autor desde a absorção da ideologia e da sociedade disciplinar pela racionalidade econômica e ecológica, na contemporaneidade. Inserida no movimento global das indústrias culturais, que discursam pela preservação das tradições como forma de manter a biodiversidade, a