Amanara
Atividade: Cidade Invisível
Cidades do céu
Os visitantes que passam por lá, dizem que Amanara é uma cidade com cheiro de café fresco e cor de poeira, onde o tempo passa devagar, devagar. Devagar quase parando. Dizem também que Amanara é a cidade dos cataventos. Isso por que os moradores preferem colocar cataventos nas janelas ao invés de enfeitá-las com flores. Cataventos coloridos e reluzentes rodando, rodando no vento suave que atravessa o vilarejo. Mas isso é pouco para descrever Amanara.
Amanara é uma cidade para ser vista do alto. De preferência do alto da janela de um certo casarão bege. Um daqueles que formam o paredão de casarões antigos que circundam a praça da cidade. A praça é antiga. Assim como todos seus habitantes, suas ruas, suas construções e seus cataventos. Além de cataventos, Amanara também é a cidade de cobertores. De cataventos, cobertores e cachorros (especialmente cachorros brancos de patas azuis, bem comuns na região).
Lá vem mais um cachorro. Lá em baixo, nas ruas de Amanara. Depois outro. Logo em seguida sempre vem um velho corcunda com cigarro na mão e pés descaços. Todos são velhos em Amanara, todos tem a idade da cidade. Moram nas casas velhas da praça e passam o dia a fumar cigarro de palha, a tomar café sentados em banquinhos feitos de tocos de árvores. Entre uma baforada e outra, conversam numa língua própria de Amanara: cheia de “erres” puxados e sem os “esses” dos finais das palavras. As mulheres com seus lenços coloridos na cabeça, enfeitam as ruas. Sempre sorridentes, falam muito e muito alto. Os pés já racharam e estão manchados do vermelho do piso de suas casas. Carregam pedaços de lenha para manter a chama dos fogões que fazem os cafés frescos de Amanara.
Os dias e noites são mais longos por lá. Talvez por causa do enorme relógio que fica no alto da torre mais alta da igreja. O relógio, tão antigo quanto a cidade, conta cada minuto. E a cada quarto de hora avisa aos