Aluisio Azevedo

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DOS DADOS

As obras literárias do Naturalismo/Realismo são retratos da realidade, visto que esses movimentos literários buscam descrevê-la de forma objetiva e fiel, sem idealismo, mostrando as modificações da sociedade, da cultura, da política, enfim, do contexto social. Utilizando-se da visão crítica, a literatura transcreve a atuação dos indivíduos na comunidade na qual se vive, e a mulher, como parte desse todo, acompanha as transformações ocorridas, todavia, segue rodeada de mitos, estereótipos e concepções de uma sociedade machista e patriarcal, mesmo diante de tantas mudanças.
O que se destaca na obra O Cortiço é a relação do narrador e o mundo narrado com a postura ideológica em relação às personagens. É bem explícito o lugar social de onde fala o narrador. Quando o narrador fala dos personagens, ele fala com clareza, com firmeza de tudo aquilo que elas estavam vivenciando. Ao falar dos personagens femininas, ele as trata como seres objetos, como no caso das escravas do Miranda, seres do mal – o diabo encarnado, no caso de Rita Baiana, ‘’a preta fedorenta’’, ‘’mancha negra’’, no caso de Bertoleza – O tratamento que o narrador utiliza para as personagens deixa claro o destrato, a falta de respeito, preconceito com as mulheres no século XIX. A figura feminina não tinha nenhum direito, era totalmente desprovido de qualquer regalia no mínimo que fosse. Elas não podiam opinar nem se quer com quem queria casar.
No decorrer da História, especificamente no século XIX, são observadas inúmeras desigualdades entre homem e mulheres. Não há como determinar o momento exato em que a mulher começou a ser tratada com inferioridade em relação ao homem, pois, desde os nossos ancestrais existe a figura primata arrastando a mulher fêmea pelos cabelos, e, a própria Bíblia Sagrada relata que a mulher foi tirada da costela de Adão, que a mulher é no máximo ajudante do homem, o homem é o cabeça da família.
Observa-se que as personagens femininas de Aluísio