ALPARGATAS
Alpargatas
Desde sua fundação, em 1907, essa empresa centenária foi considerada de sucesso. Sempre em crescimento, até o final da década de 1980 praticamente não apresentava um trimestre de prejuízo. A Alpargatas era tida, inclusive, como uma escola formadora de bons profissionais.
No início da década de 1.990, ela começou a passar por uma série de dificuldades. "A empresa estava num caminho complicado, sucateada, sem rumo, como um navio perdido no meio do mar", relata Rogério Shimizu, gerente de uma das unidades de negócios. Sua estrutura anterior era demasiadamente hierarquizada. Os funcionários remanescentes da época dizem que a Alpargatas era extremamente elitizada, havendo uma distância enorme entre a direção e os demais níveis da organização. "Tudo na empresa era exagerado: muitas pessoas (a empresa chegou a ter 36.000 funcionários, hoje são 10.800), muitas diferenças entre os níveis hierárquicos. Eram vários escritórios de vendas, vários gerentes, vários tipos diferentes de calçado. Pairava uma nuvem negra sobre a empresa, como numa casa mal-assombrada. Não se viam pessoas. Ouviam-se as vozes, mas as pessoas não eram vistas", relata Alexandre Robson, gerente de produto da área de calçados profissionais e moda.
A Alpargatas era uma empresa fabril orientada para a produção, e não para o mercado. Simplesmente fazia seus produtos e os desovava no mercado, que absorvia toda a produção. Era uma estrutura com aproximadamente 36.000 funcionários na década de 1980 e muitas marcas, algumas famosas, como a antiga USTop (marca de jeans que chegou a produzir 80.000 calças por dia), que foi descontinuada devido à concorrência de marcas como Lee, Levi's e Staroup, informalidade de outros concorrentes. Essa descontinuidade das marcas iniciou-se após a abertura comercial brasileira, no início da década de 1990, e foi ampliada no período em que a Alpargatas passou por uma mudança radical. Na época, faltava à empresa competitividade para atuar no