Alice no país da gramática e a gramátida do ensino médio

COMPARAÇÃO ENTRE O CAPÍTULO 14 DO LIVRO DE MONTEIRO LOBATO “EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA” E UMA GRAMÁTICA "DO ENSINO MÉDIO".

Terezinha Vilela Mesquita

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"Não há como falar sem teoria gramatical. Quem fala sabe a gramática da língua; por intuição, sem se dar conta, mas sabe.” (Celso Pedro Luft, in Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985, pág.96).

Chomsky afirma que o ser humano nasce com uma propensão inata para a linguagem. Qualquer criança fala as frases que ouviu e, com as regras que depreendeu dessas frases (gramática), consegue ampliar seu vocabulário formando inúmeras outras.

Há teóricos que abordam a aprendizagem do idioma sob o ponto de vista de que a linguagem é apreendida como qualquer outro comportamento. Há outros que afirmam que a linguagem é inata e que não ocorreria de fato uma situação de aprendizagem. No entanto, todos aceitam que a linguagem é um processo do desenvolvimento no sentido de que há uma emergência progressiva, ou de que a aprendizagem está intimamente vinculada a essa emergência progressiva que age em favor de uma estabilização cognitiva e física, da aprendizagem ou da maturidade. A criança precisa tornar-se uma entidade física, social e psicologicamente separada, e para tanto carece do mecanismo linguístico, a alta ferramenta comunicativa que é exclusiva do Homo sapiens.

“Cada pessoa sabe a língua que fala. A língua falada diz seu nível sociocultural; pois também o analfabeto sabe a língua que fala, a língua falada no seu meio, que serve perfeitamente para sua comunicação.” (idem, ibidem). Infelizmente, o ensino tradicional parte do princípio de que o aluno não sabe a língua que fala, sendo função da escola ensinar-lhe. “Sou péssimo em Português.” “Detesto Português.” Essas são falas de oitenta por cento dos alunos brasileiros em todos os graus de ensino. A teorização gramatical gerou e continua gerando o fracasso dos alunos. Quantos