Alguns aspectos de memória no poema homérico Ilíada
Homero foi um grande educador que, por meio de suas epopeias, envolveu aspectos éticos, políticos, pedagógicos, culturais, estéticos, e resgatou e transmitiu valores, tradições, costumes, rituais, educação, administração política, condutas e tudo o mais no que diz respeito à noção de polis para a qual a civilização grega caminhava. Através da fabricação e da recriação poéticas, Homero empreende a fusão de dois fundos de cultura, o micênico e o arcaico, que estarão na base da civilização helênica.
Juntamente a Ilíada, temos a Odisseia, outro poema de Homero, sendo esta a continuidade daquela. Ressalta-se que por trás destas obras há séculos de poesia oral, composta, recitada e difundida por poetas profissionais, sem o auxílio de uma só palavra escrita. Os poemas homéricos eram transmitidos oralmente, os versos da Ilíada e da Odisseia foram cantados pelos aedos e poetas, geração após geração, reproduzindo os valores fundamentais para aquela comunidade.
Devido a essa oralidade a poesia estava sempre em constante movimento e crescimento, uma vez que cada um que cantava o poema o fazia ao seu particular modo, acrescentando algumas coisas e modificando outras.
Temos consciência da tradição oral que deu forma à Ilíada, visto que era costume na Grécia, desde a pré-história, preservar a memória dos grandes feitos e também dos homens que o fizeram, os heróis. E é essa a tradição que os poemas homéricos seguem, pois além de serem produtos históricos, filhos de um tempo e de um lugar, também transcendem o histórico, ao mesmo tempo. Ultrapassam o tempo cronológico não apenas