Alcoolismo
Cerca de 15% da população brasileira é alcoólatra, de acordo com levantamento realizado pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Dados obtidos em outros países giram em torno de 12% a 13%, segundo o coordenador do grupo, Arthur Guerra de Andrade. |
O levantamento, que foi divulgado ontem por Andrade durante o Encontro Álcool e suas Repercusões Médico-Sociais, em São Paulo, foi feito com base no cruzamento de dados obtidos no Grea, na Associação Brasileira de Bedidas (Abrabe), na Ambev e no Ministério da Saúde. |
De acordo com os pesquisadores, o País gasta 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) por ano para tratar de problemas relacionados ao álcool, que variam desde o tratamento de um dependente até a perda da produtividade por causa da bebida. Já a indústria do álcool no País movimenta 3,5% do PIB. "O País gasta o dobro para tratar problemas provocados pelo álcool do que usa para produzir a bebida", diz Andrade. "Não há nenhum país onde essa avaliação foi feita que ganhe mais do que perde com o álcool, mesmo considerando os grandes exportadores mundiais de bebida." |
Produção - Segundo Andrade, o País é o quinto maior produtor de cerveja do mundo, com a terceira maior empresa da área, a Ambev. Da produção da Ambev, que representa 70% do total do Brasil, 90% são destinados ao mercado nacional. "Do total de cervejas produzidas pela empresa, 35 milhões são engarrafadas por dia", afirma Andrade. |
"Não sou contra o álcool", explica Andrade. "A bebida não provoca danos desde que seja consumida socialmente, de forma moderada." Para o especialista, as causas do alto número de pessoas dependentes de bebidas alcoólicas no País deve-se, principalmente, à cultura nacional. A cerveja, por exemplo, é aceita como uma bebida tradicional. "Você bebe no frio para esquentar e no calor para esfriar", diz. "Ela está sempre presente." |