Alcides pinto e garcía márquez: altos dos angicos versus macondo

Alcides Pinto e García Márquez: Altos dos Angicos versus Macondo
Mariana Antonia Santiago Carvalho

O que poderia unir um escritor do interior do Ceará e outro do interior da Colômbia? Não simplesmente a vocação em escrever, nem o mesmo estilo literário definido como Realismo Fantástico “uma narrativa que ultrapassa os limites da verossimilhança, cujos fatos insólitos começam a nortear a vida dos personagens, que de repente se veem envolvidos em um mundo regido por leis próprias, estranhas ao mundo natural”, escreveu Paulo de Tarso; mas a criação de duas cidades de nomes distintos – Altos dos Angicos de São Francisco do Estreito e Macondo – que têm moradores inusitados, onde o irreal passa a ser real, onde pessoas voam, mulheres vivem mais de 150 anos, onde um único homem é responsável por fecundar diversas mulheres a ponto de ter uma prole para mais de cem filhos...
O escritor cearense citado é José Alcides Pinto, o “maldito” como foi apelidado. Escritor de vastas obras literárias tanto na prosa como na poesia, tinha como tema central de seus escritos, enredos dotados do sinistro, do diabólico, das maldições. Em sua obra de maior destaque Os Verdes Abutres da Colina, o escritor tece a respeito da formação de como povoado Altos dos Angicos de São Francisco do Estreito. Formado a partir de um português desertado em terras brasileiras junto com uma índia Tremembé que serão genitores de um vasto número de filhos. Devido o fato de Antonio José Nunes, o português, “cobrir” todas as mulheres que cruzavam seu caminho, sem ligar se eram suas filhas, netas, recai sobre o povoado uma maldição: a que os verdes abutres desceriam das colinas e destruiriam toda e qualquer pessoa do povoado. Há um ponto que gera mistério na obra, que é a localização dos manuscritos que o padre Anastácio escreveu sobre os mistérios e loucuras que aconteciam em Altos dos Angicos. A procura ficará no encargo de padre Tibúrcio, neto do padre Anastácio (por conta de ser neto de um religioso que