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FIDES REFORMATA IX, Nº- 1 (2004): 11-30
GÊNESIS 1.1-2.3: UM TEXTO MÍTICO?
UM ESTUDO COMPARATIVO DE GÊNERO LITERÁRIO
Aírton Williams Vasconcelos Barboza*
RESUMO
Como devemos ler a cosmogonia de Gênesis 1.1-2.3? Desde o século
XVIII que este debate tem se acirrado, deixando, ainda, em aberto a questão: mito ou história? Assim, concentrando a atenção sobre a questão mítica, este artigo visa investigar a plausibilidade literária de esse texto ser lido como mito. A partir do diálogo com outros exegetas e escolas que têm dado atenção ao problema, e da abordagem histórico-gramatical, concedendo atenção à Crítica da Forma, procura-se definir o mito, suas características e estrutura literária a fim de se estabelecer uma análise comparativa com Gênesis 1.12.3 que permita verificar a possibilidade de o mesmo ser lido como tal, identificando os princípios de interpretação subjacentes ao texto.
PALAVRAS-CHAVE
Exegese; Bíblia; Crítica e Interpretação; Hermenêutica.
INTRODUÇÃO
Um dos pontos nevrálgicos da discussão entre fé e ciência é a questão da criação do universo, pois a cosmogonia que se possui determinará todo um conjunto de crenças e valores. De um lado temos os que crêem ser o universo obra de um Criador supremo, fonte de toda a sabedoria e vida; por outro lado, temos a hipótese 1 de que o cosmos e tudo o que nele há é obra do acaso, que por bilhões de anos vem evoluindo.
* O autor é ministro presbiteriano na cidade de Tietê, São Paulo; acaba de concluir o curso de
Mestrado em Teologia, área de Antigo Testamento, no CPAJ. Este artigo é uma síntese da sua dissertação.
1 Usamos o termo hipótese por considerarmos que a teoria da evolução não vai além do que se propõe ser, uma teoria, havendo nela inúmeras incoerências que a impedem de se sustentar como fato científico.
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AÍRTON W. V. BARBOZA, GÊNESIS 1.1-2.3: UM TEXTO MÍTICO?
A cosmogonia evolucionista