Aids
Em seu trabalho de doutoramento pela Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, o químico gaúcho Mário José Junges, professor da Fundação Universidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, viu-se diante de uma descoberta bombástica: substâncias extraídas da EUGENIA FLORIDA se revelaram centenas de vezes mais eficazes que o remédio AZT no combate do vírus da Aids, o HIV. O gaúcho Junges não consegue frear seu otimismo. “É possível que em quatro anos o remédio oriundo da EUGENIA FLORIDA esteja sendo usados por pacientes de Aids”, diz ele.
A EUGENIA FLORIDA pertence à família das Myrtace. É uma espécie de irmãs de plantas como o eucalipto, a goiabeira, a pitangueira e o araçá, e é muito comum na Mata Atlântica. Ao estudá-la o químico Junges fez a elucidação da estrutura molecular de 39 substâncias isoladas de sua folha. No ano passado, enquanto ele fazia esse trabalho, viajando duas vezes por mês à reserva ecológica do Jataí, em Luís Antônio, SP, a UFSCar ia enviando as substâncias ao laboratório francês Rhône-Poulenc. De repente, para a surpresa de Junges e do orientador de sua tese. João Batista Fernandes, eis que o laboratório lhes segreda que oito daquelas substâncias eram eficazes contra o HIV. “Na função de impedir o ingresso do vírus HIV dentro da célula, ela é, para não exagerarmos, dezenas de vezes mais eficiente que o AZT”, diz Junges. O AZT, até hoje o melhor que a ciência conseguiu no combate à Aids, age sobre duas enzimas – a transcriptase invertida e a aprotease. No estágio mais avançado da doença, essas enzimas começam a degradar as proteínas do organismo. O AZT impede que essa degradação aconteça. Ele é eficiente nisso, aumentando a sobrevida do paciente, mas, lembra Junges, age numa fase em que a pessoa já está bastante debilitada. “A grande vantagem da Eugenia florida é que ela é eficaz nos estágios iniciais do processo”, diz o pesquisador. “O que se supõe é que as substâncias dela formam uma película de