Agonizando
Ele não é imenso apenas por ser um dos maiores reservatórios de água doce do país, por ter cinco estados que recebem seus afluentes e 504 municípios que podem ter orgulho de ser banhados pelo São Francisco, mas pela esperança que proporcionou a milhares de famílias ribeirinhas há 512 anos, quando foi descoberto.
Mesmo com as águas carregadas de histórias – de lutas e dor –, a população parece não ter o devido cuidado com o rio. Nos festejos de Bom Jesus dos Navegantes, realizada no último fim de semana, enquanto que em Penedo um grupo pedia a revitalização do Velho Chico, a outra parte, em Pão de Açúcar, o tratava com desdém, deixando lixo às suas margens.
Em Pão de Açúcar, parece que muitos esqueceram a gratidão que precisam ter com o São Francisco. Apesar do apelido, “Velho”, ele não pode ser tratado como um decrépito, que está morrendo às vistas daqueles que ainda podem ajudá-lo, mas não o fazem. As pessoas festejam na proa, com as água batendo nos pés, no entanto vão embora e deixam restos de carvão, de latinhas de cerveja, sacolas plásticas e até pacotes de café.
Ao caminhar do Cristo Redentor, um dos cartões-postais da cidade, até as margens do rio, por pouco mais de 1km, os turistas e moradores não encontram uma lixeira. O secretário de Meio Ambiente do município, Cícero Alves, afirmou que a prefeitura instalou lixeiras por toda a praia antes da festa, porém “as pessoas roubaram”. “Depois da festa, o lugar parecia um lixão”, destacou Alves.
O problema do lixo – e do roubo