Aforismos
“[...] Não existe nenhuma verdade, não há nenhuma propriedade absoluta das coisas, nenhuma “coisa em si”. – Isso mesmo é um niilismo, e deveras o mais extremo. Ele desloca o valor das coisas para um âmbito no qual a esse valor não corresponde nem pode ter correspondido nenhuma realidade, mas que é somente um sintoma de força por parte de quem confere valor, uma simplificação para a finalidade da vida” (NIETZSCHE, p. 33, 2008).
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“Ora, a moral protegeu a vida diante do desespero e do salto do nada em homens e estamentos que foram subjugados e oprimidos por homens: pois a impotência contra os homens, não a impotência contra a natureza, produz o amargor mais desesperado. A moral tratou como inimigos, em geral, os detentores do poder [Gewalthaber], os perpetradores da violência [Gewalttatigen], os “senhores”, contra os quais o homem comum precisa ser protegido, isto é, primeiramente, encorajado, fortalecido. A moral, em seguida, ensinou a odiar e desprezar o mais profundamente o que é o traço fundamental de caráter de quem domina: sua vontade de poder. Eliminar, negar, esfacelar essa moral equivaleria a considerar o impulso mais odiado com um sentimento e uma valoração invertidos. Se o sofredor oprimido perdesse a crença em ter direito ao seu desprezo à vontade de poder, então entraria no estágio do desespero sem nenhuma esperança. Esse seria o caso se esse traço fosse essencial para a vida, se acontecessem de, mesmo naquela “vontade de moral”, essa “vontade de poder” estar tão somente disfarçada, de mesmo aquele odiar e desprezar ser vontade potente. O oprimido entenderia que estava no mesmo solo que o opressor e que não tinha nenhum privilégio, nenhuma dignidade superior diante deste” (NIETZSCHE, p. 53 - 54, 2008).
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“Antes o contrário! Não há nada na vida que tenha valor fora do grau de poder – posto, justamente, que a própria vida é vontade de poder. A moral protegia os