AFETIVIDADE ANTROPOLOGIA
SOB A PERSPECTIVA
ANTROPOLÓGICA
Ulisses Neves Rafael*
O
presente artigo foi escrito por ocasião do seminário: “O Amor na Cultura Ocidental”, organizado pelo Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Sergipe. O tema em questão foi abordado sob as mais diferentes perspectivas, inclusive a antropológica, cuja participação no debate tem início já com um questionamento acerca da sua suposta redundância.
A Antropologia desponta como uma disciplina, cuja tradição se estabelece no diálogo com as sociedades, que durante muito tempo, foram classificadas de primitivas, a que até hoje recorremos na definição das particularidades desse modelo de organização social mais compatível com os seus ideais analíticos microcósmicos, embora, sempre se questione tal classificação nos debates acalorados que a temática suscita e que não reproduziremos aqui. Pois bem, foi a partir da aproximação deste Outro distante que a Antropologia vai afirmando as especificidades de sua prática, a qual, com tempo, deixa de estar relacionada com o objeto per si para se definir por uma atitude particular diante da
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Professor adjunto do Departamento de Ciências Sociais e Coordenador do Núcleo de Pósgraduação em Ciências Sociais /Mestrado em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe.
TOMO
São Cristóvão-SE
Nº 10
jan./jun. 2007
Ulisses Neves Rafael
diferença. Trata-se de uma abordagem epistemológica que se constitui ao sabor da experiência da alteridade, que não teria sido possível sem que o seu objeto privilegiado de investigação tivesse as características que possuía inicialmente.
A partir desse contato com o mundo alheio e separado, então, o antropólogo põe em xeque certas convenções, que no âmbito da cultura ocidental ganharam foro privilegiado, sendo por isso, tratadas como universais. Daí a necessidade de se questionar o alcance de certas categorias analíticas e de classificação, aqui, encontradas e vendo sua aplicação em contextos diferenciados. Sob