Administração
Relatório internacional diz que situação no país é preocupante.
Prática ilegal faz 230 mil mulheres buscarem atendimento do SUS anualmente.
Da Reuters
Cerca de 1,2 milhão de brasileiras foram hospitalizadas nos últimos cinco anos devido a infecções, hemorragias vaginais e outras complicações decorrentes de abortos ilegais, segundo relatório divulgado na quarta-feira (30) pela Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPH, na sigla em inglês). De acordo com a pesquisa, as nordestinas recorrem ao aborto com o dobro da frequência das mulheres do sul. "A proibição legal não elimina a prática do aborto, todo mundo sabe disso", afirmou Carmem Barroso, diretora da IPPF para o Hemisfério Ocidental. A lei brasileira só autoriza o aborto em poucos casos, como estupro e risco à vida da gestante. O relatório da entidade, baseado em dados do Ministério da Saúde, é divulgado apenas duas semanas depois de o papa Bento 16 condenar a prática do aborto durante sua visita ao Brasil. O relatório estima que ocorram 1 milhão de abortos por ano no Brasil, aí incluídos os espontâneos e as interrupções ilegais da gravidez. A cada cem mil crianças nascidas vivas, cerca de cinco mulheres morrem devido a procedimentos inseguros. Todos os anos, cerca de 230 mil mulheres buscam atendimento do SUS devido a complicações como hemorragias e perfuração do útero ou da parede vaginal. Mulheres negras, indígenas e pobres recorrem ao aborto em níveis desproporcionais, segundo a médica Maria José Araújo, participante da comissão de especialistas que apresentou o relatório. O número de procedimentos inseguros em adolescentes e mulheres muito jovens também está crescendo, acrescentou ela. Quase 3.000 meninas de 10 a 14 anos foram hospitalizadas com complicações pós-aborto em 2005, segundo o estudo. Entre as mulheres de 15 a 19 anos, mais de 46 mil precisaram de atendimento. Barroso disse que a IPPF é a favor de um