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Filho de um escultor e uma parteira, Sócrates nasceu sob o esplendor da cidade de Atenas. Presenciou a decadência de sua cidade natal na Guerra do
Peloponeso (resultado de divergências e rivalidades entre Esparta e Atenas entre 431 e 404 a.C), que conferiu a vitória aos espartanos. Refletindo sobre a derrota dos atenienses, Sócrates concluiu que ela foi precipitada principalmente pela influência cética exercida pelos sofistas. Estes foram mestres da arte de falar adequadamente ao público (retórica), criando um movimento com características próprias, bem diferentes da busca de princípios para a natureza que marcou as preocupações dos pré-socráticos.
A sofística estaria marcada pelo relativismo – fomulações de princípios e valores que mudam e se diferenciam –, subjetivismo – recusa de um critério objetivo e único de verdade, tomando-se como medida das coisas critérios puramente humanos – e ceticismo – postura crítica e negativa com relação a um conhecimento tomado como verdadeiro, pressupondo-se que as coisas são tais como aparecem a cada um, inexistindo, assim, valores morais bons ou ruins próprios a cada coisa.
Combatendo os sofistas, Sócrates acreditou na estabilidade das leis, dos princípios verdadeiros e universais das normas, conferindo a elas um valor intrínseco; a partir dele, o termo ética se afasta tanto do sentido originário de morada quanto de equilíbrio das paixões, tal como Heráclito e Demócrito respectivamente entendiam. Este avanço foi possível sob a elaboração de um método, denominado maiêutica, que levasse os diversos cidadãos a uma vida virtuosa, abrangendo dois momentos, ironia e maiêutica. A ironia gira em torno de um jogo de perguntas e respostas, no qual Sócrates desempenha o papel de alguém que lança questões e instiga o seu interlocutor – tratando-o
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como aprendiz – a fim de que este se volte para si mesmo em busca de respostas verdadeiras.
O conhecimento assim obtido não resultaria da transmissão de um