Administração
O segredo dos preços chineses
Por Alexandre Teixeira
Tome qualquer lista das principais companhias chinesas e, por mais que elas se distribuam por setores diferentes e tenham estratégias distintas, será fácil encontrar um fator comum a seu sucesso internacional. Essas empresas têm se destacado graças a um diferencial competitivo devastador: a capacidade de vender por preços "chineses", ou seja, incompreensivelmente reduzidos. Não raro, um terço ou um quarto do preço universal de um produto. Há 20 anos, o fenômeno estava restrito a quinquilharias de baixa qualidade. Na última década, passou a incluir de computadores a pianos; de bens de capital a motocicletas. Agora, vale também para automóveis. "Existe um mistério por trás do preço chinês", afirma o economista Antônio Barros de Castro, assessor da presidência do BNDES e estudioso das empresas chinesas. "O mundo todo se pergunta: como é possível vender tão barato?" A resposta está, de início, numa abordagem diferente do uso da mão-de-obra barata. Empresas ocidentais que levaram suas linhas de produção para a China, dispostas a replicar o milagre do baixo preço, só conseguiram resultados parciais. Por quê? Porque, na maioria dos casos, utilizam a força de trabalho de baixo custo apenas no chamado chão de fábrica. Enquanto a típica multinacional chinesa se vale dela em todas as etapas, inclusive na engenharia. Outro diferencial é tecnológico, mas não sentido trivial. "A empresa chinesa usa a última tecnologia disponível em seu setor, mas também a penúltima, a anti-penúltima e até a primitiva, o que exige muita engenharia", diz Barros de Castro. "Nenhuma empresa ocidental combina tecnologias assim. O que explica porque os chineses conseguem dar sucessivos tombos nos custos e aumentar a diversidade dos produtos oferecidos." Como, na maioria dos casos, são parcialmente estatais, muitas das multinacionais chinesas usam o acervo dos institutos públicos de