Ad1america Resenha

As relações de poder existentes entre colonos espanhóis e a nobreza indígena

A escrita da História sobre a época da Conquista apresenta, numa visão de autores como Gruzinski e Stern, um viés muito enfático ao abordar a questão da dizimação dos povos nativos das Américas nos primeiros séculos de colonização, evidenciando a vertiginosa queda populacional conferida entre os anos de 1500 e 1600. As formas mais denunciadas acerca dessa dizimação se atribuem à conquista através da luta armada e a contaminação de nativos por doenças trazidas pelos europeus ao continente americano. Frei Bartholomé de Las Casas, um contemporâneo deste processo e reconhecido como protetor dos índios americanos, produziu vários escritos que relatavam a conduta dos espanhóis em território americano, como a Brevissima relação da destruição das Índias, de 1542. Em suas palavras, descrevendo-os:

“...Aqueles que foram de Espanha para estes países usaram de duas maneiras gerais e principais para extirpar da face da terra aquelas míseras nações. Uma foi a guerra injusta, cruel, tirânica e sangrenta (…) A causa pela qual os espanhóis destruíram tal infinidade de almas foi unicamente não terem outra finalidade última senão o ouro, para enriquecer em pouco tempo. (LAS CASAS, apud VIANA, 2001). Apesar do forte apelo em prol da defesa do indígena e em denúncia às atrocidades cometidas pelos espanhóis, não se deve desconsiderar a resistência dos nativos ao se analisar o processo histórico envolvido em razão da conquista do continente americano. E é justamente este ponto de vista que têm faltado ao ensino de História. Enfatiza-se ao tratar deste tema, uma noção de inércia, uma visão de como se os povos e as monarquias locais apenas sofressem inertes a barbárie do invasor sem produzir contra-reação alguma. No entanto, a cultura local sobreviveu ao longo dos séculos de processo colonizador, encontrando subterfúgios e enfrentando até mesmo a dura repressão da Inquisição espanhola,