AD1 Geografia na Educação 1
“Atualmente, a atividade científica defronta-se com sérios de desafios internos e externos. De um ponto de vista coletivo, os descontentamentos sociais ligados à introdução de inúmeras inovações tecnológicas (da poluição industrial aos horrores das guerras químicas e eletrônicas) estão levando a um questionamento da equivalência entre ciência e progresso, entre tecnologia e bem-estar social. (...) O que podemos perguntar, desde já, é se não seria temerário entregar o homem às decisões constitutivas do saber científico. Poderia ele ser 'dirigido' pela 'ética do saber objetivo'? Poderia ser 'orientado' por esse tipo de racionalidade? Não se trata de um 'homem' ideal. Estamos falando desse homem real e concreto que somos nós; desse homem cujo patrimônio genético começa a ser manipulado; cujas bases biológicas são condicionadas por tratamentos químicos; cujas imagens e pulsões estão sendo entregues aos sortilégios das técnicas publicitárias e aos estratagemas dos condicionamentos de massa; cujas escolhas coletivas e o querer comum cada vez mais se transferem para as decisões de tecnocratas onipotentes; cujo psiquismo consciente e inconsciente, individual e coletivo torna-se cada vez mais 'controlado' pela ciência, pelo cálculo, pela positividade e pela racionalidade do saber científico; desse homem, enfim, que já começa a tomar consciência de que, oravante, pesa sobre ele a ameaça constante de um Apocalipse nuclear, cuja realidade catastrófi ca não constitui ainda objeto de refl exão. (...) Talvez o problema seja mais bem elucidado se concebermos uma passagem do 'saber sobre o homem' a um 'saber-querer do homem', este, sim, capaz de dirigir uma ação. Porque não é na ciência, mas numa antropologia reflexiva, que iremos encontrar o discurso do homem sobre ele mesmo. Só esse discurso pode revelar, como originária e constitutiva do homem, essa dialética do 'saber' e do 'querer', do fato e do valor, o ser e do dever-ser. Ela é esse lugar