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Escolhi um telejornal para assistir. Definitivamente não entendi muita coisa. Somente as imagens me mostravam o que realmente acontecia, ou seja, sobre o que estavam falando. Na maioria das vezes, tive a impressão que falavam sobre determinadas coisas mas, na verdade, falavam sobre outra totalmente diferente do que eu imaginava.

Certamente que entendia o que falavam quando estes “olhavam para mim”, isso quando falavam pausadamente, pois eu fazia a leitura labial, apesar de não saber ao certo algumas palavras que os jornalistas falavam.

É uma sensação de impotência muito ruim, já que queremos saber o que está sendo noticiado, mas não sabemos da notícia na sua íntegra. E olha que eu ouço, conheço os sons... Imagine para uma pessoa que nunca ouviu? Deve ser angustiante saber que ela não sabe direito o que está sendo comunicado.

Logicamente que , na atualidade, há muitos recursos para os surdos compreenderem sobre o que falam certos programas em razão da legenda eletrônica. Mas sentir o mundo do silêncio na pele é uma sensação, diria, de vazio. Você está ali, vendo o que acontece, mas não participa de fato, você não tem voz, seus olhos veem e entendem apenas o que estão vendo, o que não significa que você sabe, que você compreende o que está acontecendo.

Um dos fatores que dificultaram minha compreensão do programa que assisti foi não ver os lábios das pessoas quando falavam nas entrevistas, por estarem de perfil, por exemplo. Outro fator que também dificultou meu entendimento sobre o que estava sendo abordado naquele momento foi o fato das pessoas falarem rápido demais, mesmo estando de “frente” para mim, não conseguia entender uma só palavra.

Por outro lado, vários fatores ajudaram no meu entendimento sobre o que era falado, dentre eles, as imagens mostradas, os cartazes, os lugares das notícias, as expressões faciais, as posturas corporais, etc..

Enfim, ao colocar-me, por alguns minutos, no lugar das pessoas