Acumulação primitiva na atualidade, Agronegócio no Maranhão
Contexto Histórico
Para compreender o conceito de “acumulação primitiva” abordado por Karl Marx no livro o Capital é preciso retomar um período histórico de intensas mudanças socio-econômicas na Europa que tiveram como pano de fundo a falência do sistema Feudal de produção.
Esse sistema Feudal se baseava na concentração de terras sob a custódia de um Suserano, um nobre de posses que devia lealdade ao rei de sua província. Em suas terras prevalecia o trabalho servil livre, no qual o camponês podia praticar a agropecuária de subsistência mediante o pagamento de determinadas “obrigações”.
Com o desenvolvimento do sistema mercantil baseado em burgos, o surgimento de cidadelas e as novas demandas emergentes, os entornos do Feudo realinharam o binômio produção-mercadoria.
A reconfiguração espaço-temporal (David Harvey) foi conduzida pelo renascimento do comércio, notadamente do comércio de lã da região de Flandres. A expansão marítima, o desenvolvimento das práticas mercantis e os embriões do colonialismo evidenciaram novas demandas, as quais dependiam basicamente dos excedentes de produção para o comércio e da absorção de matérias primas.
Mediante a oportunidade de lucro advindo da lã, uma parte da nobreza aburguesada promoveu a expulsão de camponeses de suas terras (a violência foi regra nesse processo). A lavoura deu lugar aos pastos de ovelhas, despovoados e geradores de excedentes para o comércio.
O êxodo fundiário formou os chamados “exércitos de reserva laboral”, desprovidos de meios de produção para a subsistência. Essa população foi absorvida pelo trabalho assalariado manufatureiro das cidades, corporações de ofício e diversos teares.
Com a transição da economia feudal para o modelo mercantil, a noção de propriedade privada se redesenhou. A monarquia na Inglaterra veio a formalizar a posse privada de diversas terras produtivas. Os trabalhadores estavam definitivamente