Acumulacao flexivele capital fetiche

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Este texto objetiva expor algumas das mudanças que ocorreram no chamado “mundo do trabalho” ao longo das últimas décadas. Trata-se unicamente da exposição das causas econômicas e políticas do processo de metamorfose do modo de produção capitalista, apontando algumas das conseqüências mais gerais para os trabalhadores.

Consideramos a presente reflexão um ensaio introdutório, visando apresentar ao leitor parte do debate sobre a transição do paradigma fordista de produção para a acumulação flexível do capital e as conseqüentes mudanças nas relações de trabalho, nas estratégias organizacionais, nas estruturas produtivas e nas filosofias empresariais. Dentre estas, destacamos a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) como marca discursiva e estratégia de flexibilização das relações de trabalho, uma vez que altera as dinâmicas organizacionais e coloca o trabalhador num patamar distinto do homo faber fordista.

É preciso alertar que atualmente existem muitos discursos administrativos que proclamam a qualidade de vida no trabalho como um fato e uma exigência para as empresas modernas. Deste ideológico argumento nos afastamos substancialmente, pois as regras do jogo estipuladas nas últimas décadas demonstram exatamente o contrário, isto é, uma enorme precarização das condições e relações de trabalho em nível global. Assim como mostrou Marx (1983, p. 263), “o motivo que impulsiona e o objetivo que determina o processo de produção capitalista é a maior autovalorização possível do capital, isto é, a maior produção possível de mais-valia, portanto, a maior exploração possível da força de trabalho pelo capitalista”. Assim sendo, a exploração muda positivamente de forma, mas não de conteúdo.

Outro aspecto que merece atenção antes do prelúdio ao debate diz respeito à substancial heterogeneidade do mundo do trabalho hoje, que não permite tratar determinadas categorias de forma homogênea. Por exemplo, falar de qualidade de vida no trabalho (QVT) de uma forma genérica

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