Academia
A publicidade da Coca-Cola “Happiness Factory” e o imaginário do sistema produtivo na sociedade de consumo
João Carrascoza, Vander Casaqui, Tânia Hoff
Resumo
O artigo propõe a reflexão sobre o universo simbólico da marca Coca-Cola com base no comercial “Happiness Factory” (“Fábrica de Felicidade”, 2006), em que a esfera produtiva da corporação é recuperada como espetáculo, como apoteose, para servir ao imaginário do consumo. Trata-se de estudo preliminar sobre os processos simbólicos de reconstrução, de esvaziamento, de harmonização das tensões e dialéticas que envolvem o mundo do trabalho, para servir à publicidade da marca – esta entendida como ente social, mediador da negociação simbólica entre anunciantes e consumidores. A metodologia de análise é baseada no quadro teórico da análise do discurso de linha francesa e de conceitos- chave da obra de Mikhail Bakhtin, entre outros autores.
Palavras-chave: Publicidade; consumo simbólico; trabalho.ABSTRACT
A produção discursiva e ideológica na “fábrica de felicidade”
Antes de enveredarmos pela análise do discurso do comercial da Coca-
Cola, cabe aqui fazermos a sua descrição.
Um jovem se aproxima de uma vending machine (máquina de venda automática), tira uma moeda do bolso e a insere nela, para obter um produto que ainda não sabemos qual é. A cena então se altera e vemos a moeda no interior da máquina, descendo vertiginosamente por uma montanha, cujo fundo revela as engrenagens de um ambiente fabril sob um céu ensolarado. A moeda continua seu descenso em alta velocidade rumo a um desfiladeiro, onde desemboca uma queda d’água junto à qual há uma alavanca que recolherá a moeda e, movendo-se de repente, a banhará na cachoeira.
Em seguida, aparecem voando por esse desfiladeiro, com hélices semelhantes às de helicópteros, criaturas fofas e coloridas, que carregam, por meio de cordas, uma garrafa vazia de Coca-Cola em posição horizontal, como se fosse um