Absorção de radiação
Os deuses reúnem-se, a pedido de Júpiter, para deliberar se devem ou não ajudar os navegadores para que a viagem que os Fados haviam já determinado viesse a ser coroada de êxito, reconhecendo o valor de tais humanos.
Júpiter considera que os portugueses, pelos seus feitos passados eram dignos de tal ajuda, decidindo ajudá-los.
Gera-se então no Olimpo, onde os deuses se reuniram, grande desavença. Formam-se dois “partidos”: um, encabeçado pela deusa do amor, Vénus, que defende que os portugueses sejam ajudados; outro, por Baco, deus das paixões, dos vícios, do vinho que é contrário a tal ajuda.
Marte, deus da guerra e velho apaixonado de Vénus, tem então uma intervenção decisiva em que incita Júpiter a não voltar atrás com a decisão que já havia tomado de ajudar os navegadores portugueses.
Gerou-se, então, grande tumulto na Assembleia.
Razões que movem os diversos deuses na sua tomada de posição:
- Júpiter limita-se a fazer cumprir as decisões dos Fados, pois sabe, à partida, que é inútil lutar contra eles; aceita-as, de resto, pois reconhece o valor dos lusitanos.
- Vénus imagina que, ajudando os portugueses, poderá vir a lucrar: eles são descendentes dos romanos e, portanto, de Eneias, seu filho, de quem herdaram uma língua latina; são por outro lado, conhecidos como devotos do amor, de que ela é deusa; prezam a beleza e poderão vir a promover o culto de Vénus no Oriente, se por ela forem ajudados;
- Marte é um velho apaixonado de Vénus e, deus da guerra, preza o valor militar dos portugueses.
- Baco não aceita que os Portugueses venham a ser bem sucedidos no Oriente, vindo, um dia, a superar a sua própria fama nessas paragens. Que os portugueses, humanos, o ultrapassem a ele, um deus, é algo que ele não poderá aceitar nunca; tudo fará, por conseguinte, para os liquidar, ainda que numa atitude de revolta contra Júpiter e os Fados. Porque é, no fim de contas, lúcido, ele intui desde logo