80 247 1 PB
Pluralidade cultural nos parâmetros curriculares nacionais: uma diversidade de vozes
Dayala Paiva de Medeiros Vargens
Luciana Maria Almeida de Freitas
Universidade Federal Fluminense
Resumo: O objetivo deste artigo é refletir sobre os sentidos atribuídos à “pluralidade cultural” no volume dedicado a esse tema transversal nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL/SEF,1998a). Como marco teórico, lançamos mão da concepção dialógica da linguagem (Bakhtin, 2003; 2004) e de perspectivas enunciativas (AuthierRevuz, 1982; 1998; Maingueneau, 1997; 2002). Para analisar os discursos e os sentidos que constroem o tema da pluralidade cultural nos PCNs, utilizaremos o conceito de heterogeneidade discursiva operacionalizado por Authier-Revuz (1982; 1998; 2004).
Dentre os diferentes tipos de manifestações da heterogeneidade mostrada, voltamo-nos para o uso da modalização autonímica, mais especificamente o uso das aspas, marca que reflete a diversidade de vozes que constituem os enunciados e se mostra como importante categoria de análise para os estudos enunciativos. O estudo levou à conclusão de que no documento analisado não há qualquer tipo de menção à ambigüidade cultural e às relações historicamente construídas entre grupos e indivíduos.
Palavras-chave: pluralidade cultural; Parâmetros Curriculares Nacionais; heterogeneidade enunciativa; modalização autonímica.
É através dos discursos que a demanda do reconhecimento da própria dignidade pode ser satisfeita por meio do trabalho árduo ou da preservação do fim de semana para pescar, da liberdade individual ou da integridade da família, do culto religioso ou da liberdade política.
Eder Sader, 1988
INTRODUÇÃO
Vivemos, nos dias atuais, uma explosão discursiva em torno da chamada pluralidade cultural. Conceitos a ela relacionados, como cultura e identidade, tornaram-se palavras de ordem em diferentes áreas de conhecimento acadêmico, estendendo-se, igualmente, para a esfera