46545
NOVOS CAMINHOS DA MIGRAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO
SONIA REGINA PERILLO Demógrafa, Analista da Fundação Seade
O
s anos 80 foram marcados por transformações socioeconômicas e políticas profundas, tanto em âmbito mundial como nacional (Martine, 1993; Cano e Semeghini, 1992). Estas mudanças tiveram desdobramentos importantes alterando os padrões de redistribuição espacial da população. No contexto nacional, a década de 80 mostrou novas e importantes tendências. A taxa de crescimento da população brasileira que, entre 1950 e 1980, era da ordem de 2,8% a.a., caiu para 1,9% a.a., entre 1980 e 1991. O ritmo de crescimento urbano também diminuiu: de 4,9% a.a., em 1970-80, para 2,6% a.a., em 1980-91. Esta tendência também se verificou para o conjunto das regiões metropolitanas brasileiras: a taxa de crescimento destas áreas diminuiu sensivelmente, de 3,8% a.a. para 1,9% a.a., entre 1970 e 1991. Nesta direção, Martine (1992) destacou que o crescimento das metrópoles brasileiras acabou ocorrendo cada vez mais distante de seus respectivos núcleos, desencadeando um processo de "periferização" das áreas metropolitanas. O Estado de São Paulo que, desde a década de 40, desempenhou papel de relevância na dinâmica demográfica nacional, também experimentou mudanças significativas. Seguindo a mesma tendência verificada nas metrópoles, apresentou sensível redução no ritmo de crescimento populacional nos anos 80. Ressalte-se, inclusive, que, para o Estado de São Paulo, a desaceleração em 20 anos foi ainda mais acentuada: de 3,5% a.a., em 1970-80, para 2,1% a.a., em 1980-91. As mudanças na dinâmica populacional paulista podem ser evidenciadas, em grande medida, pela análise dos componentes vegetativo e migratório. O componente vegetativo teve papel importante no crescimento da
população estadual. A migração também teve peso relevante, contribuindo para a manutenção das altas taxas de crescimento verificadas no estado até