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8284 palavras
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1Às sete da manhã, ainda estou na cama quando meu celular começa a tocar. Olho o visor e não reconheço o número. Atendo e escuto:
— O que você fez?
— Quê? — pergunto, ainda meio grogue, sem entender nada.
— Por que você pediu demissão, Judith?
Eric!
Gerardo já deve ter informado o que eu fiz e ele grita irado:
— Pelo amor de Deus, pequena, você precisa de um trabalho! O que pretende fazer?
Pensa em trabalhar com o quê? Quer voltar a ser garçonete?
Irritada por essas perguntas e principalmente por ele me chamar de “pequena”, rosno:
— Não sou sua “pequena” e faça o favor de não me ligar nunca mais.
— Jud...
— Esquece que eu existo.
Desligo na cara dele.
Eric liga de novo. Corto a chamada.
Acabo desligando o celular e, antes que ele telefone para o fixo, tiro o aparelho da tomada. Furiosa, me viro na cama e tento pegar no sono outra vez. Quero dormir e me esquecer do mundo.
Mas não consigo e me levanto. Me visto e saio. Não quero ficar em casa. Ligo para
Nacho e vamos a seu estúdio. Fico horas olhando as tatuagens que ele faz enquanto conversamos. Na hora de fechar, ligamos para uns amigos nossos e caímos na farra. Preciso comemorar a minha saída da Müller.
Chego em casa às três da manhã. Desabo na cama. Enchi a cara essa noite.
Lá pelas dez, a campainha toca. Levanto de má vontade. Meu queixo cai quando vejo que é um entregador com um lindo buquê de rosas vermelhas. Tento fazer com que leve de volta. Sei de quem são, mas o entregador resiste. Por fim, acabo ficando com elas e jogo direto no lixo. Mas meu lado curioso leva a melhor, procuro o cartãozinho e meu coração bate forte quando leio:
Como te disse há algum tempo, te levo na minha mente desesperadamente.
Te amo, pequena.
Eric Zimmerman
Atordoada, releio o bilhete.
Fecho os olhos. Não, não, não. Outra vez, não!
A partir desse momento, sempre que ligo o celular surge uma chamada de Eric.
Agoniada, decido desaparecer. Eu o conheço e sei que é uma questão de horas para que
bata