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Vera Veiga França 1 vfranca@fafich.ufmg.br Resumo
A reflexão desenvolvida neste texto está centrada na questão da especificidade de nosso saber: temos clareza e tratamos de forma consensual o objeto da comunicação? Quais são os conceitos, as bases conceituais estruturadoras de nossa área? Qual é (ou quais são) o(s) paradigma(s) da comunicação? Para tratar desta questão, procuramos rever de forma crítica alguns aspectos centrais e estruturadores de nosso domínio de conhecimento, e que dizem respeito à definição de seu objeto; à questão da interdisciplinaridade; às correntes de estudo que compõem o pequeno “patrimônio” da
Teoria da Comunicação; à existência e fragilidade dos paradigmas da área. Fechando esta breve discussão, procuramos apontar elementos que sinalizam uma outra concepção ou um novo paradigma – que busca resgatar a complexidade, circularidade e globalidade do processo comunicativo.
Palavras-chave: teoria da comunicação; paradigmas da comunicação; objeto da comunicação. 1
Vera Regina Veiga França é doutora em Ciências Sociais pela Universidade Réné Descartes – Paris V e professora do Mestrado em Comunicação Social da UFMG.
Talvez não seja esta uma boa maneira de começar um texto acadêmico, mas devo dizer que ele está fundado, ou foi estimulado, por duas razões de ordem subjetiva.
A primeira é um grande interesse em participar desse novo GT, sobre teorias ou sobre uma epistemologia da comunicação: pergunto-me quais colegas, vindos de onde – de quais instituições e de quais lugares teóricos - irei encontrar, que tipo de trabalho e qual a configuração dos debates que serão travados nesse fórum. Esta quase curiosidade tem uma justificativa: lecionando disciplinas de Teoria da Comunicação há mais de vinte anos (na Graduação e na Pós-graduação), sinto um certo isolamento ao tratar das questões e dilemas que atravessam esse domínio de conhecimento; vejo alguma negligência e até mesmo um certo ostracismo no