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902 palavras
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Lucas, me desculpe por ter ficado afastado, não foi por falta de consideração é que eu resolvi me afastar das pessoas pra deixar as coisas mais fáceis. Logo você vai perceber que pelo jeito que eu estava nos últimos meses não tinha outra saída. Eu já venho pensando nisso desde setembro de 2012, mas tive dificuldade de planejar tudo. O maior problema é que eu precisava ficar sozinho tempo suficiente. Eu escolhi um método de morrer por intoxicação com monóxido de carbono, em que você fica num cômodo fechado cheio do gás produzido por carvão. Infelizmente o gás é muito perigoso pra qualquer um que tenha contato com ele, não tem cheiro, é imperceptível. Por isso, preciso que você avise algumas pessoas pra que o meu pai não corra perigo. Ele não sabe ler então alguém tem que ligar e alertá-lo do seguinte: se alguém for buscar meu corpo no cômodo essa pessoa não pode respirar nada de ar. Assim que a porta for aberta o gás vai se espalhar pela casa então é importante que meu pai leve os cachorros, pegue roupas antes que a porta seja aberta e saia de casa e não volte por 1 ou 2 dias até o monóxido de carbono se dissipar. Se ele mesmo for me tirar de lá tem que ser rápido, ele tem que já estar com tudo no carro inclusive os cachorros, abrir a porta, pegar o corpo e levar no médico para atestar a morte, evitando respirar o máximo possível. Se quiser envolver os bombeiros, então ele deixa tudo no carro e avisa pra eles usarem máscara ou outra coisa. Se algo der errado e eu não morrer, é certeza que haverá lesão cerebral irreversível, portanto melhor que eu morra. Por isso precisava ficar exposto algumas horas.
Lucas eu peço que você avise o Sérgio, amigo do Aldevino, e que ele conte pra minha mãe. A mulher do Sérgio não está em condições de ter emoções fortes, e não vou te deixar com o peso de contar isso pra minha mãe. Os motivos são vários, o maior deles a baixa auto-estima e falta de esperança aliados a uma doença de humor incurável. Os planos da minha vida todos deram