25 de Abril
A revolução de 25 de Abril de 1974 representa um marco fundamental não apenas na história do Portugal contemporâneo mas em toda a história da nacionalidade.
O derrube da ditadura conservadora, que em 1933 se auto-intitulou "Estado Novo", por um amplo movimento de oficiais das Forças Armadas, surge como consequência inevitável do esgotamento de um modelo autoritário ferido de morte pelo impasse do colonialismo e pelo isolamento internacional. E virá acelerar um processo, já em curso, de modernização económica, social, cultural e mental que vinha esbarrando com os obstáculos político-constitucionais levantados por aquele modelo. Uma dupla contradição ameaçava de morte, com efeito, o regime dirigido desde 68 por Caetano e Tomás: a contradição entre o seu aparelho institucional rígido, fechado e conservador e as exigências derivadas do desenvolvimento industrial num contexto de cada vez maior dependência em relação à Europa, e a contradição entre a sua expressão ideológica autoritária e nacional-colonialista e as aspirações pluralistas e anti-colonialistas desencadeados pela nova dinâmica social e cultural que caracterizou os anos sessenta. Em tal contexto, o fenómeno da guerra colonial só conjuntural e momentaneamente podia assumir um papel amortecedor. Mais cedo ou mais tarde, estava condenado a ser o catalisador que historicamente acabou de facto por ser. Assim, de balão de oxigénio inicial, a guerra colonial volver-se-ia em grande asfixiador empunhado pelo próprio braço armado do regime – a instituição militar.
Não foi fácil nem linear, porém, a implantação do regime democrático num país vítima de quase meio século, de súbito a braços com uma descolonização tardia, a que se juntavam os efeitos da crise económica internacional que acabara de irromper em l973. Circunstâncias estas que explicam as peculiares características da transição para a democracia entre nós por comparação com outros países europeus da época envolvidos em