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Platão, na obra Teeteto, defende que o conhecimento [do tipo proposicional] é uma crença que o sujeito tem
[acredita que], que deve ser verdadeira [sabe que], isto é, a representação mental do objeto, traduzida na proposição, deve estar de acordo com a realidade, e justificada [a crença está justificada], ou seja, o sujeito deve ter fundadas razões para aceitar essa proposição.
“a opinião verdadeira acompanhada de razão é ciência, e (…), desprovida de razão, a opinião está fora da ciência e que as coisas que não é possível explicar são incognoscíveis (…) e as que é possível explicar são cognoscíveis.” Platão, Teeteto ou da Ciência, Editorial Inquérito, Lisboa, 2ª Ed, s/d, pp. 159.
Se podemos aceitar facilmente que as crenças falsas não podem originar conhecimento [o que é falso não é conhecimento], não deixa de ser igualmente claro que, para evitar a adivinhação e/ou sorte, as crenças que são verdadeiras precisam ainda ser justificadas através de razões que as expliquem e ou sustentem.
Platão, como os demais defensores da teoria tripartida do conhecimento (teoria CVJ), considera a crença, a verdade, e a justificação condições necessárias e suficientes para que exista conhecimento. Estas 3 condições devem aplicar-se simultaneamente para podemos ter conhecimento.
A teoria CVJ, como qualquer outra, foi objeto de críticas/objeções. Em 1963, Edmund Gettier apresentou casos exemplificativos (contra-exemplos) que refutam a tese defendida pela teoria tripartida do conhecimento. Embora aceite a crença, a verdade e a justificação, como condições necessárias ao conhecimento, considera no entanto, que são insuficientes.
Como demonstram os casos apresentados por Gettier, não basta ter uma crença verdadeira justificada (CVJ) para possuir conhecimento. Para Gettier podemos ter crenças que são verdadeiras, para as quais podemos ter justificadas razões, sem que, no entanto, possamos falar de conhecimento, mas apenas de mera