1808
Não bastasse esse atraso com relação aos demais países europeus, tinha Napoleão em seus calcanhares, cuja invasão ao território português não tardaria. No entanto, matinha antiga e profícua ligação com a Inglaterra, inimiga dos franceses. Utilizando-se dessa amizade, a família real trocou a proteção da esquadra marinha inglesa pela abertura de seus portos intramarinos. Com isso, rumou ao Brasil fugindo das garras do imperador francês.
A saída foi rápida e atrapalhada. Não houve discurso de despedida, apenas a fixação nas ruas de um decreto explicando as razões da partida e informando a aproximação das tropas inimigas. Para D. João VI, sua ida ao Brasil pouparia um derramamento desnecessário de sangue em caso de resistência. Permaneceria no Rio de Janeiro até que a poeira baixasse e toda a situação estivesse controlada.
Quando por aqui aportou, D. João VI deparou com uma colônia sem dinheiro circulante, predominando o escambo, o que limitava suas oportunidades comerciais, especialmente com a recente abertura de seus portos. A reduzida elite intelectual sofria a censura da corte que dificultava a circulação de livros e expressão da idéias, cujas reuniões para tais fins eram consideradas ilegais. Os escravos, aqui somando negros libertos, mulatos e mestiços, correspondiam a 2/3 da população, cujos brancos eram a minoria e tinham verdadeiro pavor de rebeliões.
O então Príncipe Regente, no entanto, optou por uma “imagem de rei benigno, que tudo provê e de todos cuida e protege”, sendo comuns os