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3683 palavras 15 páginas
Título: “O Adônis Químico”: estética, uso e abuso de drogas anabolizantes
Autor: Clodoaldo Gonçalves Leme - Doutorando em Psicologia Social (Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo)
E-mail: clodoleme@ig.com.br
Resumo:
A estética é a ciência do belo. O belo não em sentido usual, estrito e próprio da palavra: o objeto da estética é tudo o que influi esteticamente sobre o homem. Uma obra de Mozart evoca, indubitavelmente, o objeto da estética; um cogumelo atômico também traz, em si, uma carga potencial de impressões estéticas. Muitos incluem a arte, necessariamente, na definição da estética. Claro que ela pertence ao campo da estética, é a função estética elementar e criativa do homem. Visto, porém, que o campo da estética é muito mais amplo
- e considerando que na obra de arte há elementos “extra-estéticos” -, definir estética como a filosofia, ciência ou teoria do belo (ou da beleza) e da arte pode induzir a erro. Melhor seria afirmar que a estética é a ciência do belo artístico e do belo natural, e que o belo artístico é o objeto principal da estética.

O universo abrangido pela estética em nossos dias leva, necessariamente, a repensar o “belo natural”. Será que o “belo natural” ainda existe? Se analisarmos a questão no contexto de praticantes de musculação que utilizam esteróides anabolizantes – aspirantes a uma espécie de “beleza greco-química hipertrofiada” – podemos afirmar que não. A busca pelo belo a qualquer preço, digna de um Dorian Gray do século XXI (personagem de Oscar Wilde na obra “O Retrato de Dorian Gray” (1890); simboliza de forma trágica a busca da beleza a qualquer preço. Por meio de um pacto demoníaco, o personagem consegue manter a beleza física sem, contudo, se preocupar com a própria decadência moral), implica numa trágica relação de troca entre saúde e forma física. Nesse caso, o valor estético máximo – o “corpoobjeto-do-desejo”, símbolo de virilidade, força e saúde – nada mais é do que uma representação, uma

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