155 071011 Estadao 11 10 2007
599 palavras
3 páginas
Vale a pena comer um tomate?Vale a pena comer um tomate? Até o final do século XX a resposta dependia do conteúdo calórico e do esforço necessário para obter o alimento. No século XXI, esta equação já não é tão simples.
Imagine um homem primitivo que come o que encontra na natureza. Neste caso a conta é simples: se a energia contida em um tomate é superior a energia gasta para obter o tomate vale a pena comer o tomate. Se um tomate fornece 100 kcal de energia e gastamos 40 kcal para encontrar o pé de tomate, o resultado é que após o esforço “lucramos” 60 kcal. Imagine agora que o pé de tomate esteja no alto de uma montanha. Após gastar 250 kcal para escalar a montanha podemos saborear o tomate de 100 kcal. O resultado é que vamos ficar com mais fome do que antes de iniciarmos a empreitada: um déficit de 150 kcal. É claro que nem os homens primitivos nem os animais sabem fazer esta conta, mas se a estratégia de alimentação de um animal não seguir este modelo ele simplesmente morre.
Imagine agora o processo decisório de um consumidor de tomates no século XX. Ele vai ao supermercado e descobre que o tomate de 100 kcal custa o equivalente ao salário de um dia de trabalho. Se ele gastar o salário com tomates, vai morrer de fome pois seu poder aquisitivo não é suficiente para comprar os tomates necessários para mantê-lo vivo por um mês. Por outro lado se o tomate custar o equivalente a um minuto de trabalho, vale a pena comer o tomate. Na verdade o cálculo de custo/benefício é basicamente o mesmo que era utilizado pelo homem primitivo. O salário não passa de uma maneira de quantificar o esforço necessário para obter o alimento.
Agora estamos no século XXI e nosso consumidor de tomates se preocupa com o meio ambiente. Ele sabe que os tomates que vai comprar no supermercado, apesar de ainda conterem as mesmas 100 kcal, e custarem o equivalente um minuto de trabalho, foram produzidos em uma fazenda distante do supermercado. Para produzir o tomate foram utilizados