1307 1995 1 SM 1
Natalino Neves da Silva*
Se a cultura não é um dado, uma herança que se transmite imutável de geração em geração, é porque ela é uma produção histórica, isto é, uma construção que se inscreve na história mais precisamente na história das relações dos grupos sociais entre si. Para analisar um sistema cultural, é então necessário analisar a situação sócio-histórica que o produz como ele é.
Georges Balandier
Resumo
Neste artigo, reflete-se, de maneira geral, sobre algumas possibilidades teóricas e práticas de abordagem da diversidade cultural e, em específico, sobre a diversidade étnico-racial relacionada com as situações de aprendizagem no âmbito da educação escolar. O que se ensina, assim como a seleção do que é ensinado, não se dá de forma neutra nem desvinculada de certas concepções sociais e políticas.
A aprendizagem cultural transmitida por meio da educação escolar suscita, então, muitas indagações e provocações e, ao mesmo tempo, merece ser concebida como uma fronteira de disputa de quais saberes sociais, históricos, políticos e culturais devem fazer parte do conhecimento dito universal da humanidade. Como princípio educativo, a diversidade cultural leva-nos a rever constantemente os valores políticos, sociais e culturais de compreensão do outro. Lançar mão desse princípio significa, ao mesmo tempo, entender o saber e a cultura como parte da produção sócio-histórica de determinada sociedade e também problematizar os ditos valores sociais e culturais universais.
Palavras-chave: Diversidade cultural. Relações raciais e educação. Pedagogia interétnica. Pedagogo. Mestre e doutorando em Educação na Faculdade de Educação da UFMG. Professor do curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Humanas Sociais e da Saúde da Universidade Fumec, Universidade do Estado de Minas Gerais
(Uemg). Membro do Programa Ações Afirmativas na UFMG e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Educação e
Relações Étnico-Raciais (Neper) da