129 Onovolampiao
1858 palavras
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O novo LampiãoPara vingar o assassinato de seu pai, ele matou três pessoas e espalhou pelo sertão a lenda de ser um vingador dos oprimidos
Revista Manchete, agosto de 1975
Ricardo Noblat
Onde está o frio e calculista pistoleiro, dotado de uma pontaria infalível, que era capaz de ficar irritado se atirasse no redondo do olho de um homem e acertasse na sobrancelha? Onde está o novo Lampião, como foi apresentado pelos jornais durante meses e cantado em versos da literatura de cordel nordestina? Onde, o Vingador, o Zorro do Sertão, que costumava andar vestido de preto, com cinturões de balas cruzando sobre o peito, indo ao enterro das suas vítimas? Na minha frente e diante de um batalhão de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas, encontra-se um rapaz de 27 anos, tímido, cabelos lisos, olhos amendoados, feições de índio, que esfrega, nervosamente, uma das mãos na outra, e se espanta com as perguntas e as façanhas que lhe foram atribuídas.
— Você é capaz de acertar num cigarro na boca de um homem a 50 metros? – pergunta, excitada, uma jornalista do Rio Grande do Sul.
— Acerto não, moça. Ninguém é capaz de ver um cigarro na boca de um homem a 50 metros, quanto mais acertar um tiro nele – responde, com um meio sorriso, o mito que desmorona.
"Como Lampião, ele nasceu em Serra Talhada, no sertão de Pernambuco, conhecida como terra de "cabra macho" e de multa violência. Como Lampião, ele decidiu ser pistoleiro após o assassinato do pai. Como o velho Capitão Virgulino, Vilmar Alves Magalhães, o Vilmar Gaia, escondia-se na caatinga para não ser preso pelas volantes. E como Lampião é acusado de numerosos homicídios." (O Estado de S. Paulo, 21/08/75)
"Ele é o maior interessado em alimentar o mito em torno das suas façanhas. Veste-se invariavelmente de preto, usa óculos escuros a qualquer hora do dia e da noite e se dá ao luxo de comparecer ao velório das suas vítimas." (Jornal do Brasil, 09/04/75)
"As crianças de Serra Talhada abandonaram temporariamente a caça de